segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Mascarando a solução

A saúde pública no Brasil é calamitosa. É fácil olhar com superficialidade o problema reduzindo-o à falta de médicos qualificados, apenas. Não é bem assim; é quase como uma bola de neve: médicos mal remunerados não vão querer sair do conforto de suas residências para fazer um trabalho, por muitas vezes voluntário, em locais de extrema pobreza, servindo indiretamente (ou diretamente, dependendo do caso) ao Governo, que é quem os (mal) paga, onde não há hospitais ou no mínimo quantidade suficiente de leitos para servir à população.
O Programa Mais Médicos, que dizem ser apartidário, foi uma iniciativa do Partido dos Trabalhadores (PT) de tentar suprir a "falta" de médicos no país, o que visto dessa maneira, nos parece um excelente projeto; mas isso não resolve a falta de hospitais capazes de suprir as necessidades das populações, não melhora a qualidade da saúde pública brasileira, não diminui as filas de meses de espera por doações ou até mesmo para serem atendidos e não diminui  o fato de, nos hospitais precários, não haver capacidade suficiente para todos. Ou seja, é um encobrimento das más condições e roubalheira do dinheiro que deveria ser destinado ao âmbito da saúde. 
Porém, não podemos deixar batida a solidariedade dos médicos cubanos que saíram de seu país para trabalhar noutro onde a saúde está precária, diferentemente de lá (lembrando que Cuba tem a melhor saúde pública das Américas), para receber apenas 40% do salário total. Isto deveria servir como exemplo aos nossos médicos, também.
Há uma superpopulação de médicos na área particular: médico de dor, de doença, de gripe.. Tem médico de tudo! E a área pública conta com um, dois clínicos-geral, no máximo e se contar. Também, em que hospital vão trabalhar? Aquele que "está em construção"? Construindo, só se for, cada vez mais dinheiro nas contas dos governantes.
Sendo assim, o Programa Mais Médicos não é de todo mau, pois pode e vai servir de exemplo aos próprios médicos brasileiros, porém reduz um problema enorme a coisas pequenas, sem contar que joga (querendo ou não) a maior parte da "culpa" pela saúde ser desse jeito em cima dos médicos, excluindo a não participação do Governo, e incita uma preguiça, ou melhor, estagnação na melhora da saúde, porque do jeito que está é só contratar médicos estrangeiros que melhora, não é mesmo? Pois é. 

5 comentários:

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  2. Olá Victória. Excelente texto. Na educação pública quase sempre fazem o mesmo, ou seja, culpar os professores pela situação. Beijos.

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