terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Intolerância Ao Natural, Complacência Ao Intolerável

         Dia 31 de janeiro de 2013 foi ao ar em todas as redes brasileiras de televisão, e muito provavelmente em vários lugares do mundo, uma cena onde dois atores aparecem se beijando. Um selinho, nada de demais. Um beijo rápido, nada muito explícito, apenas um beijo (que convenhamos hoje em dia é o de menos perto de tantas barbáries que vemos abertamente nas televisões). Uma cena de final de novela, qual quem merece se dá bem.
          A polêmica, aversão e indignação que essa cena causou em alguns expectadores é de se pensar.. Tendo por base o seguinte fato: no dia 10 de fevereiro de 2013, no mesmo horário, por ser substituta da antiga novela, foi ao ar uma cena fortíssima de estupro.
Espera aí, vamos fazer uma análise: a cena do beijo gay é condenável por não ser uma coisa “normal” ao ver da sociedade homofóbica e hipócrita e a cena de estupro é normal e ninguém se quer cogitou em falar? Isto é um absurdo.. Por mais moral e conscientização que a cena tenha tido a intenção de passar ao mostrar uma moça (inocente) andando sozinha na madrugada de uma noite qualquer, quando uma van passa por ela, e ela, a inocente moça, por pensar ser uma van coletiva, entra e se depara com três marmanjos, é tão condenável, a meu ver, como a cena do beijo, ao ver dos conservadores e homofóbicos.
Mas por que esse fato não causou tanto burburinho quanto a outra cena? Por que ninguém falou nada? Por que todo mundo achou isso normal? Por que ninguém tirou as crianças da sala, mas tampou os olhos delas para que não vissem duas “aberrações” se beijando? A culpa era da menina, que usava um vestido curtinho ao sair à noite? Acho que tem algo de muito errado acontecendo.
Pensemos o seguinte: por menos que seja comprovada a genética do homossexualismo, a fim de relatar o comportamento homossexual nos outros animais, o Museu de História Natural de Oslo, na Noruega, apresentou em 2006 a primeira exposição dedicada a “animais gays”, que foi chamada de “Against Nature”, exibindo cerca de 500 espécies que existem relatos de comportamento homossexual de um universo de 1.500 relatos, desde mamíferos e insetos até crustáceos. Ou seja, é natural. Vocês acreditam piamente que se alguém pudesse escolher, escolheria ser homossexual e ter de enfrentar todos os dias pessoas que pregam o ódio contra elas? Iriam escolher viver todos os dias de sua vida contra o mundo e fazer parte de uma minoria? Escolheriam sofrer, muitas vezes até mesmo dentro de suas próprias casas? É mais do que óbvio que não!! Por que condenar, então, uma coisa natural? Por que incitar o ódio e passar isso adiante a seus filhos, sobrinhos, netos e amigos?
Para o estupro não há justificativa. Não há genética que explique o ato de estuprar alguém (não entraremos na questão do psicopatismo). Estupro é crime, é condenável, é digno de prisão perpétua, é nojento, é sujo e não conheço nenhum ser humano que defenda este ato (ainda bem!). Isso deveria ter vindo muito mais à tona e sido mais cogitado e indignável do que o outro caso! Não é natural, não é aceitável, não é admirável pela coragem, assim como o homossexualismo.
Querendo ou não, a repercussão absurda sobre a cena do beijo e proporcionalmente a não repercussão da cena de estupro mostra que há uma inversão grande de valores na sociedade; onde ser homossexual é pecado, mas ser um estuprador não.